Comum antes de abrir realmente os olhos
(Lavar o rosto e de escovar os dentes)
Contar o meu sonho a quem
Está por perto.
Só preciso estirar as pernas
Debaixo da querida mesa
E escrever.
Ontem sonhei que era um déspota
E ao roubar o trono dos monarcas
Mandava abolir as leis.
Todas as leis.
Eu era um déspota de fato.
E fazia do meu território
Uma grande orgia
Entre poetas.
Um verso, tolo que fosse,
Mas sincero, o trovador
Recebia sete moedas
De ouro, um eunuco,
Um cavalo de raça
E uma cortesã.
Poeta não trabalhava de graça no meu reino.
Óbvio que não durou por muito tempo a felicidade mundana.
Vieram anjos dos céus e outras mil falanges dos infernos
Pegaram-me pela manga da túnica e me trancafiaram
Na masmorra.
Torturaram-me
Pra não esquecerem
O hábito dos animais.
Lá dos subterrâneos
Em companhia dos ratos
E de dois maravilhosos videntes
(Um francês, e o outro um inglês)
Soube que o velho rei voltou ao trono.
Vive muito doente, cuspindo sangue.
E que a sua filha já toma aulas de etiqueta
De cinismo e de frieza para assumir o trono.
Rezo, medito, faço encantos,
Escrevo (parei de ler) só aguardando
A filha do rei receber o cetro e pisar no trono.
Já fomos amantes
Em vidas passadas.
Logo que eu for solto me mandarei pras montanhas.
Não sonharei mais. Vou plantar batatas e construir
Um moinho ao lado da minha janela.
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