sexta-feira, 8 de maio de 2020

Macieiras

O máximo que posso
fazer por ti é ouvir
tua cabecinha.

Os teus sonhos
que me forçam
o riso em silêncio.

Os teus ares
de vingança.

A tua fragilidade
diante do poder.

Do poder ridículo
das coisas ridículas
que passam e te roem.

Mas sou um simpático coveiro
e na hora de plantar teus ossos
cavarei uma linda e fértil horta.

Juro que nascerá
das tuas cinzas
agrião.

Ora, meu docinho,
tu sempre amaste
a tua pele irradiante
de jovem camponesa.

E assim será (prometo)
por toda a tua eternidade.

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