sábado, 20 de outubro de 2012

devaneios de um moleque

Dizem, quem ama é feliz.
Vive mais e anda altivo.

Será então por isso
que vegeto em companhia
dos meus livros e objetos?

Faz tempo que não lavo contigo
as louças do café, janta, almoço.

Naquele tempo tu lavavas
e eu enxugava te ouvindo

falar sobre trabalho,
fofoca de artistas,
novelas e filmes.

Hoje peço desculpa
por quase nunca
ter ouvido
tua voz.

Não te ouvia,
é verdade.

Mas adorava o tom,
o timbre, a ressonância
de tudo que saía de tua alma.

E eu, meu bem,
não te ouvia,
não te ouvia.

Naquele tempo
como hoje e agora
meus ouvidos são deles -

esses querubins,
esses arcanjos
que sempre
têm algo
a dizer

dos céus
e da terra.

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