Dizem, quem ama é feliz.
Vive mais e anda altivo.
Será então por isso
que vegeto em companhia
dos meus livros e objetos?
Faz tempo que não lavo contigo
as louças do café, janta, almoço.
Naquele tempo tu lavavas
e eu enxugava te ouvindo
falar sobre trabalho,
fofoca de artistas,
novelas e filmes.
Hoje peço desculpa
por quase nunca
ter ouvido
tua voz.
Não te ouvia,
é verdade.
Mas adorava o tom,
o timbre, a ressonância
de tudo que saía de tua alma.
E eu, meu bem,
não te ouvia,
não te ouvia.
Naquele tempo
como hoje e agora
meus ouvidos são deles -
esses querubins,
esses arcanjos
que sempre
têm algo
a dizer
dos céus
e da terra.
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