A poesia foi a única namorada
que insisti com ela até a morte.
Dos garranchos iniciais até a
falta de sorte com as ideias,
machuquei-a impetuoso e vil.
A poesia sob breves ensinamentos
mostrou-me a suspensão correta
das retinas perdidas e distantes
sempre apontadas a paredes,
objetos, nuvens, chão e teto.
A poesia sob breves encantos
disse-me ao ouvido o que ler
e abriu a minha mente do jeito
que abrimos um melão maduro.
Como me arrepender dos seus dedos
de sua pele e de seus cabelos em mim?
Natural que eu a leve comigo onde ande
sem vergonha dos seus lábios leporinos
nem dos seus grandes olhos estrábicos.
Afinal a minha poesia é feinha e sem jeito
mas foi a única namorada que tive que não
me deu bolo e nunca me fez mal ao coração.
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