segunda-feira, 22 de outubro de 2012

a vida seria triste

O café mantém com os dentes e a língua
um espetáculo de cumplicidade digno
de infarto.

Coisa que sinto agora
depois de mais uma
xícara.

Enfartar de susto por descobrir-se pobre
ou por desgosto amoroso é terrível, mas

sentir as veias inchando e vasos rompendo
por mais uma xícara do inigualável sabor
desse sujeito que se chama café mas que
poderia se chamar crepúsculo é saudável.

Dito isto, a minha xícara se excita toda
e começa a balançar a asinha serelepe.
Eu não posso recusar um convite desse.

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