sábado, 23 de agosto de 2014

Dos fatídicos suspiros

Talvez exista outro prazer
Tão especial quanto sonhar
Com a morte (doce) à cabeceira.

Não conheço.

A morte (doce) à cabeceira
Traz com ela o perfume
Dos avós e aquela
Bola de meia.

Também traz a calçada
Iluminada depois da chuva.

Normalmente a morte
Não é doce, meu poeta.

E chega abrupta
Puxando-te pela mão
Apontando o fim do trilho.

Você não é louco
De abrir a boca:

"Quando parte
O último trem?"

A morte tem a manha
De beliscar com as pontas
Das unhas de esmalte vermelho.

Como ninguém,
Meu poeta, a morte
Belisca assim tão carnal.


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