Talvez exista outro prazer
Tão especial quanto sonhar
Com a morte (doce) à cabeceira.
Não conheço.
A morte (doce) à cabeceira
Traz com ela o perfume
Dos avós e aquela
Bola de meia.
Também traz a calçada
Iluminada depois da chuva.
Normalmente a morte
Não é doce, meu poeta.
E chega abrupta
Puxando-te pela mão
Apontando o fim do trilho.
Você não é louco
De abrir a boca:
"Quando parte
O último trem?"
A morte tem a manha
De beliscar com as pontas
Das unhas de esmalte vermelho.
Como ninguém,
Meu poeta, a morte
Belisca assim tão carnal.
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