Quando durmo sou um.
Quando acordo sou outro.
Depois de morto
serei quantos?
Não morderei o próprio punho
para constatar sangue nas veias.
A vida que me cerca
de fato é uma vida alheia
que se diz minha quando durmo
mas é de outro quando acordo.
A curiosidade em morder o punho
e beber meu sangue
é apenas um fulgor
de menino.
Afinal sempre ofereço a ela minha pele
enquanto sinto seu cheiro.
E não serei eu seu dono ou o seu deus
a rasgar céus e abrir mares.
Já lhe sou grato por ainda poder dormir
e ainda poder acordar
atento ao que passa
dentro de mim
e ao que foge
do outro.
Entre dormir e acordar há um universo que nos atravessa. Ótimo poema!
ResponderExcluirPs.: Gostei da nova foto, e ainda é maior para eu poder identificar melhor meu caval(h)eiro. =)
Lara, esse universo quando nos atravessa nos revela tanto
ResponderExcluir...
P.S.: dizem "quem vê cara não vê coração", pois bem, digo eu,
eis minhas faces e vejam
minhas aurículas!"
(rs)
Beijo carinhoso,
senhorita.
carta de endereço universal, o dístico inicial é pleno da contradição atávica do ser humano, que debalde se procura em muitos espelhos, mas qual a imagem, qual?
ResponderExcluirabraço
Assis, essa angústia
ResponderExcluiraproxima a alma do poeta
do Inevitável e também
do Encanto
...
forte abraço,
irmão.