Disseram que eu estava vadiando
sem eira nem beira
nesses dias de ausência
e loucura
mas o que eu estava mesmo
era cuidando dos canteiros
da minha praça.
Ultimamente pombos enlouquecidos
deram a bicar os olhos das flores.
Tenho que ser paciente e negociar com eles
miolos de pão por ramalhetes.
Alguns gentis e solidários aceitam a oferta de bom grado
e prostram-se aos meus pés felizes com as migalhas.
Outros sanguinários preferem arrancar
com requinte de crueldade cada pétala
(que é da flor cada cílio) indiferentes
à minha tristeza.
Contra esses bárbaros não há outra alternativa
senão lançar mão do meu guarda-chuva
e acertá-los bem no peito.
Uma metáfora muito bem construída num poema que deixa diversos caminhos de interpretação ao leitor.
ResponderExcluirL.B.
toda ira aos pombos sanguinários, toda a lira aos cílios das flores,
ResponderExcluirabraço
A arte de negociar, não é para todos, quiçá a arte da fonética sim...?
ResponderExcluirBarganhar pão e poesia, por um punhado de coisa qualquer, dá a medida do articulador.
Os pombos de todas as praças do mundo inteiro que o digam!
Adorei as metáforas, Domingos!
Deixo-te beijos!
Lídia, a graça da poesia
ResponderExcluire todo esse caminho alheio
ao tempo que se lê
e ao tempo que floresce
dentro da memória poética
...
Abraço carinhoso.
isso é muito lindo, cara "toda ira aos pombos sanguinários, toda a lira aos cílios das flores"
ResponderExcluirforte abraço,
irmão Assis.
Canto da Boca,
ResponderExcluirvocê está certa
de fato, negociar
é uma arte e quando
passamos a trocar
confidências com
o som das palavras
precisa-se de mais
paciência (e leveza)
...
Os pombos que o digam
(ouço agora, eles dizem)
Beijo carinhoso.