ri enquanto o mundo
tenta te conduzir
ao desespero
da posse alheia,
ri pois não tem jeito
o osso que morde a carne
a carne que modifica o espírito,
ri não da comédia
mas do pranto e da farsa
do vazio absurdo de todos os dias
das mulheres distantes de todos os sonhos,
ri, meu camarada, ri com o máximo de desdém
que ainda sobra na tua mente e se foge a mente,
ri da fuga dos teus pobres neurônios apagados,
cinzas, decrépitos, perdidos a cada fumaça
ri dos amigos que riem da tua loucura,
ri dos teus amores que te preparam
o cálice da solidão
ri da paciência que te perturba,
ri da maternidade que te protege
mas não rias da tua insignificante vida
cujo imenso tesouro é uma sílaba
é uma palavra, é um verso
é um poema,
ri, amigo, ri da tua sorte
das tuas noites afamadas
da tua ânsia e do teu vinho
mas não rias do fim,
do tropeço e da morte
pois sempre há mais mortes que supomos
e mais tropeços adiante e todo fim
é um esplêndido começo
uma alegria infinda
que ora se conserva
no que chamamos alma
e depois ferve na pele
causando torpor
e mais risos
ri, amigo,
sobretudo do teu anjo
que rejeitou a vida de outro
para te embalar em noites confusas
e nunca pensou duas vezes
em te defender de ti mesmo.
Uau...posso ficar só nisso?
ResponderExcluirBjo imenso!
Um poema que causa espanto, Domingos. Tive a sensação de me deparar com um "Versos Íntimos" novinho em folha, dos nossos dias.
ResponderExcluirEsse final com o anjo é incrível!
Um grande abraço.
magnifico!!!!!...
ResponderExcluir... este teu escrever "de um riso..."
caminhou em passo lento, triste mas decidido, convicto desde a caverna mais escondida das tuas entranhas!
amei, por ser uma verdade.
um poema belíssimo [como aliás é teu hábito].
beijo.
Sei bem como é esse riso nervoso.
ResponderExcluirBeijo.
Ah, e formidável poema.
ResponderExcluirPela Luz poética, Domingos...
ResponderExcluirFenomenal,teu riso... me emociomou demais!
Beijinho de gratidão, poeta dos dias!
Estremeci e me emocionei mto.
ResponderExcluirTua alma estava à flor da pele no dia em que fez este poema.
De qq mdo, adoro ler vc.
Um grande beijo e minhas saudades.
Gostei do poema, pensei em John Travolta vestido de anjo. Demais! Um abraço, Yayá.
ResponderExcluir...Ri da própria loucura que no escuro da mente não sabe se é de verdade ou mentira...
ResponderExcluirÍris Pereira
agora você quase me cala... por essa e outras és um dos meus poetas prediletos.
ResponderExcluirte admiro muito, meu bruxo!
beijo em ti.
Por vezes rir de nós próprios tem um efeito de cartase, é uma arma para resistir.
ResponderExcluirUm beijo