domingo, 8 de novembro de 2015

O campanário

Quem me vê engomando a camisa de linho do trabalho [o cuidado em não passar o ferro sobre o brasão do fardamento] decerto, pensariam tratar-se de um tecnocrata meticuloso. Ora bolas, tolice. Não veem o outro olho medonho de Kafka ansioso por uma nódoa de fezes de pombo no colarinho? A língua entre os dentes é apenas uma questão de transe e mordida. A lucidez é epiléptica, catatônica e apocalíptica. Às vezes, ousamos calçar sapatos para que as asas não fujam dos ombros.

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