sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Galinhada

Quanto tempo, meu bom pai, que não comia uma galinhada. A verdade é que nem me lembro se um dia já comi galinhada. Há quem a conheça por galinha atolada. Galinhada ou galinha atolada ou outro capricho qualquer de mãe africana, a delícia é que me senti um glutão a causar dó aos monges vagarosos e apáticos sorvendo suas sopinhas ralas trancafiados em suas celas. Quando era monge eu mentia. Nunca comi só sopa de legumes ou de ovos. Guardava dentro do travesseiro miúdos e coxas de pato. Tinha uma amiga, uma bela noviça, que driblava os anciãos e chegava até os calabouços da minha cela e me oferecia peças de pato. Sempre pato assado com alecrim. 

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