sábado, 24 de outubro de 2015

Lírica

Apaixonar-se por uma violinista é viver chorando pelos cantos da casa. Depois que os passarinhos sumiram da minha janela, a ideia que tive para permanecer cálido com os olhos febris foi apaixonar-me por uma violinista. Bárbara não costuma conversar. Sorri muito, entretanto. E passa o tempo da eternidade afiando e modelando as unhas no seu violino. E choro. Sobretudo após o almoço quando Bárbara escolhe a mais doce melodia para que o seu amado repouse. Quem há de sentir saudade de passarinhos, se Bárbara viaja em gestos gentis tocando o seu instrumento? Apaixonar-me por uma violinista salvou a minha alma. Já andava triste da minha vida com tanta melancolia, apatia e fúria. Bárbara adivinha meu silêncio e entorpece o meu coração com nuvens de fumaças sopradas de uma distante chaminé.

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