quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Lentes progressivas

Os óculos chegaram, meu bem. Custaram-me os olhos da cara, literalmente. E escrevo sem foco. Baixando a cabeça, girando o globo ocular, buscando uma vista agradável ao espírito que move minhas mãos. Escrevo ainda incerto das palavras. Da estrutura física das palavras. Estiro o braço e a minha mão não toca nos seus cabelos. Claro que não, você nunca entendeu a minha poesia e os seus cabelos voavam de medo. Agora que não escrevo poesia, até que os seus cabelos poderiam caminhar ao meu encontro. Deixar de tanta frescura. No dia em que eu cheirar os seus cabelos morrerei feliz. Parece-me que a dor de cabeça era mesmo por falta de grau nos meus olhos apaixonados. Era cego o poeta.

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