quinta-feira, 27 de outubro de 2011

uma nuvem de suspiros

Eu já fui um cavaleiro fiel e dedicado
mas um dia a minha frágil
e doce mocinha

levantou-se altiva e louca,
fechou todas as portas
e sumiu do castelo.

Eu também já tive
sobre o baú antigo
uma caixinha de música

mas em uma noite fria
a minha bailarina
pulou do palco

esqueceu suas sapatilhas
desceu as escadas do prédio

e sem  olhar para trás
não se despediu
do meu jardim.

Não é fácil para um cavaleiro
acostumado a batalhas
por honra e amor

acordar sem ouvir os gritos
de uma mocinha linda
apavorada com insetos
com trovões, sombras
e pios de coruja.

Terrível olhar para o baú antigo
e só ver aquelas sapatilhas
sem os pezinhos
da bailarina.

Até hoje tenho pesadelos -
se lobos comeram a mocinha do castelo
ou se peixes engoliram a minha bailarina.

Não vivo um minuto em paz,
como posso.

Um cavaleiro precisa de mocinhas sensíveis
para proteger e um ogro de uma bailarina

para vê-la girando e girando
quem sabe um dia o vento
derrube-a ao seu colo.

4 comentários:

  1. lindo, todos nós precisamos de uma(s) batalha(s)!
    Abraço
    LauraAlberto

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  2. Domingos, a sua poesia tem mesmo aroma, que a gente se sente em casa, se sente no jardim, no quarto, na cozinha quando a lê, e a gente nem é mais uma doce mocinha :)
    beijosss

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  3. Lindo, Caval(h)eiro!

    Vejo uma bailarina sorridente a rodopiar pelo seu poema. Muito meigo!

    Beijo.

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  4. nem todo o círculo e movimento giratório apontam ao infinito. mas a tua poesia e garbo caval[h]eiro são a rota precisa.
    grande abraço, amigo domingos!

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