segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Drummond

Drummond, não escreverei nenhum verso em tua homenagem.
Já escrevi poemas para flores e para meu filho, mas não creio
haver necessidade de escrever versos para teus ouvidos
nem para ouvidos de outros.

Primeiro tu não me ouves, estás morto.
Depois os outros estão cansados
da minha vaidade.

Drummond, posso dizer-te secretamente
que muitas vezes andei com livros teus
debaixo do braço em praças,
bares e não me lembro
onde os perdi.

Tu ficaste em mim de propósito.
Além da estante e do velho baú.

Vê, os peixes todos te saúdam enquanto eu [um trôpego]
caminho em sentido contrário para onde teus amigos
não nos vejam e eu possa te abraçar oculto
e sentir na tua camisa o cheiro do meu avô.

6 comentários:

  1. Belíssimo, caro poeta! Conciso e sem hipocrisia!

    Parabéns!

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  2. irmão, nada a declarar: contemplo.

    abraço

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  3. Arraso, Domingos.
    À altura de Drummond.
    Forte abraço.

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  4. Bonitos teus versos ao poeta CDA...

    Muito bonitos mesmo!

    Bjs,
    Carol

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  5. encantada!!

    Beijinho de fã, poeta dos dias!

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