segunda-feira, 17 de outubro de 2011

o eremita

Nunca direi qual o caminho o louco há de seguir
nem a nuvem em qual terreno árido deve chover.

Os meus pés já me doem
as minhas mãos tremem.

O louco precisa conhecer de perto
o seu olhar fundo e o brilho oculto.

A nuvem com o tempo há de fugir
da altivez e da desordem do vento.

Não sou o escolhido para indicar ao louco
o seu tesouro escondido atrás das costelas.

Nem à nuvem mesmo a mais solitária
apontar onde dorme e sonha o oceano.

Amanhã o louco pode se cansar da sua loucura
e a nuvem simplesmente se perder da sua vista.

2 comentários:

  1. "A nuvem com o tempo há de fugir da altivez e da desordem do vento..."

    Muitas vezes me sinto 'nuvem'... algumas vezes, 'louca'... e no mais das vezes, eremita!

    Sensacional!

    Beijokas e meu carinho.

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  2. Um blog interessante. Obrigado.

    Por vezes, os poemas catapultam-nos para o mais intimo imaginário. Na verdade, no peito de cada homem "baila" sempre o desejo de ser pássaro: uma fantasia de Sol onde o sonho nunca deixou de brilhar.
    Abraço
    Paulo
    PORTUGAL

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