sábado, 21 de maio de 2011

o bom moço

A nossa solidão é um esmero.
Fazemos cachos nas antenas das formigas.
Assopramos livros velhos e limpamos o ventilador.

Talvez tenha sido eu o culpado
por te apresentar às formigas do quarto.

Por explicar com detalhes
como separar os livros da estante
sem distração.

Como passar a flanela
nas hélices do ventilador
com ele ainda ligado.

Tu aprendeste rápido
e com tanto zelo.

Sempre que entras no meu quarto as formigas te cercam.
Os livros parecem tremer, páginas se abrem, batem asas.
O ventilador diz que está gripado vive esquecido e só.

Loucura, confesso.
Tudo para te chamar atenção.

E tu corres, abraças formigas,
beijas livros, acalentas o ventilador.

"meu deus, o que fiz
com essa menina"

8 comentários:

  1. Transformou-a em poesia!
    Adorei.

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  2. Lindo demais, meu querido Domingos!
    Enfeite para este meu domingo que parecia minguado...
    Agora, até criei coragem: vou à feira do rolo, em busca de livros e bibelôs usados.
    Abraço muito, muito apertado.

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  3. Valéria,
    a alquimia é a salvação
    dos que mexem com palavras
    ...

    abraço carinhoso.

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  4. Elevada poetisa e amiga Zélia,
    espero que tenha sorte
    e encontre aquele
    tipo de livro raro
    (dizem que os livros
    nos escolhem) e saia
    da feira contente
    também com um bibelô
    debaixo do braço
    (rs) dizendo pra si mesma:
    "fiz um ótimo negócio,
    fiz um ótimo negócio" (rs)

    Você é uma alma especial.

    Abraço carinhoso.

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  5. ares de magia ganham os seres quando hipnotizados,


    abraço

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  6. Irmão Assis,
    é justamente essa magia
    a verdade que nos envolve
    ...

    forte abraço.

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  7. cá fico pensando: meu zeus, de onde vem tanta inspiração?

    .
    .
    .

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  8. Crisântemo,
    essa "inspiração"
    é um estado
    de vigília
    e de santidade
    (rs)

    beijo carinhoso.

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