sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Réquiem para os flautistas

Ultimamente, baby,

são os bem-te-vis 

os meus guias.


Durmo de janela aberta

e acordo com essas criaturinhas

assoprando flautas da minha infância.


Caminho léguas

e eles seguem

meus passos


trocando de partituras,

espantando maus-olhados.


Os monstros do pântano

e assombrações

do deserto


fogem dos seus bicos

e dos seus blues.


Volta e meia,

pulam diante

dos meus pés

e ordenam-me:


"Poeta, vira à esquerda,

pois é sal e doce


a dama

da outra rua."

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