Mas nunca desejei o paraíso
se tenho clara noção do quanto
é duvidosa a salvação de um cara
que passa a vida a escrever poemas.
Chega a ser jocoso
o desejo celestial
se a minha carne
arde pela existência.
E não há outro alimento
para quem ama a terra
senão os frutos da terra.
A maçã e a sua serpente,
as uvas e a embriaguez
da camponesa.
Não, baby,
nunca contei
com a serenidade
mesmo nos tempos
de meditação transcendental
em que sonhava aventuras místicas.
Sou carne,
sou ossos
e vapores.
O que em mim há de celestial
é a única adoração pelos pássaros.
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