sábado, 17 de outubro de 2020

Campanário

Por fim

chegamos

à clareza


e todos os passos tortos

tocaram-me o coração

pela sutileza 


do cajado 

de nuvem. 


Os passos tortos e loucos

eram apenas as vozes

do pequeno homem

que suspirava

aos céus.


O reino que se abre

não julga as vestes

do miserável sábio.


O caminho é de lucidez

e chama a loucura ao mundo

a sensatez da doçura e coragem.


O rei, o miserável, 

o homem e o rato 

nunca da estrada

fugiram de medo.


Guarda teu segredo

como moeda de troca

no último sopro de dúvida.


Eia, eia, eia!


Os teus passos

agora são de nuvens

que queimam a sombra

da triste memória e fraca.


Acorda contigo

os teus anciãos

e moços da aldeia,


desfruta o banquete

com a fome de leão,

fantasma e crianças.


Eia, eia, eia!


O dia é a noite

dos que não dormem

e pelo caminho cantam

pássaros e sorriem cobras.

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