quarta-feira, 3 de junho de 2020

Transformações

Depois que entendemos
que o estímulo das multidões
é a ignorância, passamos então
a amar a solidão e adorar os objetos.

No meu caso, sobretudo 
a xícara branca de café.

Já se foi o tempo em que fazia
negócios com a poesia e o mundo
girava em torno da minha obsessão 
por sombras que lessem meus poemas.

Quem hoje em dia vier à minha casa
saberá que em cada palavra 
existe um transtorno.

Não há outro meio particular de ver o sol
dentro da bota engolindo a meia
ou de uma flor debaixo 
da escrivaninha

se não for
pela poesia.

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