Consigo te ver por dentro.
Embora teu perfume
seja enlouquecedor
porque é breve.
E tenho que me segurar por fora
(portão, árvore)
para que teu perfume
não me estrague a vista.
Há dentro de ti uma casa
com janelas fechadas.
Nunca te disse
que me basta
uma lágrima.
A minha lágrima
contra a tua vidraça
amolece todas as trancas.
Também nunca te disse
que é inútil lágrima
quando as janelas
já foram levadas
pelo vento.
Alguém nos dirá um dia:
"no alto da montanha
o vento não existe
e quem ama vive
dentro das tocas
do abismo"
Enquanto esse dia não chega
continuo te vendo por dentro.
E o teu perfume
é bárbaro.
Um poema belíssimo! Um abraço, Yayá.
ResponderExcluirMe faz crer que só um bruxo como você consegue ver o que ninguém enxerga...
ResponderExcluirQue poder, heim!
Beijos, benigno.
Fantástico.
ResponderExcluirUm dia eu chego a escrever assim.
Abração.
Mima.
caro amigo,
ResponderExcluirhá aromas que enlouquecem, por dentro e por fora... não creio, todavia, em tudo o que dizem, especialmente se vozes anónimas apregoando que "no alto da montanha o vento não existe e quem ama vive dentro das tocas do abismo". as lágrimas a bater na vidraça são capazes de acender o vento e de despertar até os mortos.
abraço em olores de percepções infinitas!
Belo...
ResponderExcluirque se abra uma porta nessa casa, um brecha no cimento, uma fenda na pedra
ResponderExcluirtodos guardamos um casa em nós
abraço
LauraAlberto
Que lirismo!
ResponderExcluirBeijinho sempre encantado, poeta dos dias!
Admiro tudo que escreve!
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