sábado, 23 de julho de 2011

rave

Fiz a barba e rezei um pai nosso
pois se aproxima o mês de agosto:

é por demais temerário o poeta
dormir e acordar de barba longa
e coração exposto.

A ventania já levou as portas
(trancas, trincos, ferrolhos)

só há como porto seguro
a sua toca atravessando a ponte

depois da margem esquerda
debaixo do último arco-íris.

Digam adeus ao poeta
apesar da estação vazia
e do trem que nunca chega.

Mas olhem lá, fumaça!
Ouçam o apito!

Embarquem logo esse louco
ajudem-no com suas malas,
cuias, alforjes, trouxas
e mochilas.

Vejam que lindo o bardo
sentado em cima do vagão
a tocar ora sua flauta doce,
ora a gaita de bob dylan.

Digam adeus ao poeta
e deem-lhe as costas
e não olhem
para o céu.

(só vejo pássaros
e nuvens perdidas)

9 comentários:

  1. nananinanão! deste poeta fabuloso não me despeço tão fácil...

    beijo, bruxo benigno.

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  2. Boa tarde poeta!
    Também não vou dar adeus ao poeta, pelo contrário, vou lê-lo qualquer dia lá no meu pedaço.
    Não deixe de conferir o primeiro poeta que li hoje lá no Me and You.
    Em breve será você.
    abraço carioca

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  3. Poxa, que lindo... Às vezes, eu tenho vontade de me despedir de mim.

    Grande abraço, poeta!
    Sua poesia é um tesouro.

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  4. Lindo, mas fique na estação. Um abraço, Yayá.

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  5. pássaros e nuvens ao gosto do verbo,


    abraço

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  6. Eu troco o "adeus" por um "até logo", fácil, fácil.

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  7. Verdade que tudo passa, mas nada justifica perder um poema desses.

    Abraço, Domingos.

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  8. Que tua voz seja eterna, poeta dos dias!

    Beijinho carinhoso!



    p.s:Pensei já ter comentado este poema...

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