Sou feito de qual matéria
se a morte não existe
e o que há é perda
de memória?
Não o convidei pra que entrasse na minha casa.
Mas você entrou e foi jogando atrás da porta
suas asas, auréola, tridente.
A voz que me leva ao abismo
tem de ser uma voz aliada.
Entenda isso.
Assim, não teremos problemas.
Os meus vícios não me farão mal.
E eu permitirei que você permaneça
dentro da minha casa com esse andado.
Com esse sorriso sem futuro e olhar míope.
Não me diga seu nome.
Nunca me diga seu nome.
Faça de conta que não o conheço.
E vá juntando suas tralhas atrás da porta:
asas, auréola, tridente, amuletos e mantos.
Se a sua voz for minha aliada
meus vícios não me farão mal.
Entenda isso e não poupe
os meus inimigos antigos,
os recentes, aqueles
que nunca vi.
Só quero tomar o meu remédio,
subir ao telhado frio, conversar
com os gatos e as estrelas.
Um dia você me esquecerá
e dará fim à minha imagem.
"Se a sua voz for minha aliada
ResponderExcluirmeus vícios não me farão mal"
Nem tudo o que nos dizem é tudo o que precisamos de ouvir.
Um beijo