terça-feira, 28 de janeiro de 2014

elas

As oiticicas da minha calçada não param com seus flertes:
vivem jogando pela janela do quarto suas folhinhas ninfetas.

Claro que às vezes vêm folhas anciãs
com marcas de antigos outonos.

Confesso que são tais senhoras
as que muito me emocionam.

Acaricio suas linhas e sulcos
imaginando quantos passarinhos
não amaram sobre os seus lençóis.

E quantos raios não partiram seus corações de susto
cruzando seus galhos e caindo no dedo de uma formiga.

As oiticicas da minha calçada adoram meu estado febril,
meio fraco, ainda sem forças para escrever uma carta.

Sim, pois escreverei uma carta de amor
para as oiticicas da minha calçada.

Uma carta de amor
com todos os seus adjetivos.

Só cair o primeiro pingo de chuva.
(Quando chove o poeta ama melhor).


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