não, meu amor, não preciso que o tempo mude
para escolher do guarda-roupa uma camisa adequada
ando mesmo nu pelo quarto e meu cheiro forte atravessa
paredes chega às narinas da vizinha, ui, ouço um suspiro
não, meu amor, nunca fui um cavalheiro
sou mesmo um bruto, um cavalo
triste e esnobe
que apesar das patas quebradas
ainda galopa pelos campos
de girassóis
não, meu amor, não há tempo bom
circulando em minhas veias
o meu sangue pouco vive
pouco se alegra
creia, meu coração é um patife
cujo batimento lembra
a luxúria do engenho -
bagaço,
aguardente
e desse jeito virando a noite
levando junto o travesseiro
meu sangue não se confunde com minhas lágrimas
por sinal esqueci o dia em que elas deslizaram
pelas faces
não, meu amor, não sou um romântico
sou um bêbado sóbrio, um demo safo,
um santo manco, um sapo mudo
e tudo sobre a estante
é uma alma penada
que combina
comigo.
os fantasmas pairam sempre pela casa
ResponderExcluirBeijinho
LauraAlberto
és encantador, Poeta!
ResponderExcluirbeijo, meu.