domingo, 8 de janeiro de 2012

terras distantes

Tanto tempo sem mulher
faz do bárbaro um apaixonado
pelo sangue dos seus inimigos

esquece do caminho de casa
do bosque com suas flores
amarelas e vermelhas.

A sua paixão é admirar
os corpos destrinchados
de outros bárbaros

e dos sobreviventes
os rostos sujos de pólvora.

Tanto tempo sem mulher
faz do bárbaro um louco
que range e abre a boca
evocando mais guerras.

Mas tudo cessa
como nasce outro dia

e na estrada o vento sopra poeira
cujos grãos sepultam os casacos de javali.

O bosque não muda
e a casa é logo adiante.

Com os olhos lacrimosos,
feridos, quase cegos

o bárbaro escuta seu coração
pela voz sussurrante da sua mulher.

Corre, corre bárbaro
que a tua guerra agora
é na cama de folhagens.

Tanto tempo sem mulher
tanto tempo sem mulher

também faz de um poeta
um bárbaro sanguinário
que encontra na parede
seu mortal pesar:

sua fotografia
e da sua amada.

4 comentários:

  1. Tanto tempo sem um homem
    faz da mulher
    ver em um bárbaro
    um menino :)
    beijosss

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  2. Você precisa ir a uma casa noturna urgentemente:))) Feliz Ano Novo! Um abraço, Yayá.

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  3. o tempo virá e as guerras cesarão
    mas as interiores...

    Abraço
    LauraAlberto

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  4. Yayá, nas casas noturnas
    não encontrarei minha amada:))

    Embora Dulcineia Del Toboso até me possa atingir o coração rsrs

    Feliz 2012

    Carinhoso abraço.

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