Preciso trocar as fronhas dos meus travesseiros.
Vejo sombras das amantes: resquícios de unhas,
batons, sedas, chicletes.
Cuido debaixo da cama um gatinho.
Ele nunca sai, passeia, desce
até a garagem.
Vive pregado às correias
do meu chinelão antigo.
Se fosse um cachorrinho o meu gatinho
viveria mordendo meu tornozelo,
suplicando pra ir à praça
e abraçar os postes.
Mas é de um gatinho que cuido.
Míope, bigodes longos.
A última vez que ousou peregrinar pela casa
queimou-se no forno e os bigodes
entrançaram-se pelas pernas
das cadeiras.
[desastre]
Agora vive acuado debaixo da cama
pregado às correias do meu chinelão
do meu chinelão antigo.
Preciso trocar as fronhas dos meus travesseiros.
Quase andam as sombras das minhas amantes.
E cada uma tem uma unha diferente,
uma voz diferente, mas rebolam
do mesmo jeito mascando
o mesmo chiclete.
Queimou-se no forno porque gato que nasce no forno não é bolo:))Um abraço, Yayá.
ResponderExcluirUma espécie de crônica - uma sensação quieta, contudo, ao mesmo tempo...
ResponderExcluirsombria... seria essa a palavra?
Senti paz e pesar. Uma rotina e um quê inconformado. Um sim resguardo - uma necessidade meio indesejada.
Um beijo carinhoso, poeta querido!
De sua Mima leitora - que gosta de mimar seus poemas todos. ^^
Olá Domingos,
ResponderExcluirPobre de seu gatinho!
Variar é preciso.
Beijos de luz.