sábado, 12 de dezembro de 2020

Cegueira

 O pão que me alimenta

é o mesmo pão que sufoca

meu peito e dilata os pulmões.


O meu reino na terra,

as migalhas deste pão.


Os corvos nunca foram tristes,

amam as sementes de girassol.


Enquanto outros pássaros

incertos da própria natureza

buscam algo perdoável no céu.


Não me falta pão na terra,

não me faltam migalhas deste pão,

nunca me faltará a sinceridade dos corvos.

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