Tive tantos filhos
Nesta minha vida
De louco e monge.
Nesta minha vida
De louco e monge.
Escrevi debaixo de árvores.
Escrevi muitas coisas dormindo.
Escrevi muitas coisas dormindo.
Embora fossem nuvens,
Brilhavam carne e ossos.
Brilhavam carne e ossos.
As palavras nunca são
Uma coisa só, por isso
Que o poeta vive
Acendendo
Uma coisa só, por isso
Que o poeta vive
Acendendo
Uma vela pra deus
E outra pro diabo.
E outra pro diabo.
Muitos dos meus filhos
Nasceram tortos e trôpegos.
Nasceram tortos e trôpegos.
Antes que me dessem pena
Sumi com eles no berçário.
Sumi com eles no berçário.
Alguns meteram-se
Entre os meus dedos
De tal forma que acabaram
Pontinhos brancos nas unhas.
Entre os meus dedos
De tal forma que acabaram
Pontinhos brancos nas unhas.
Não me canso de amá-los.
Nem me arrependo por esquecê-los.
Nem me arrependo por esquecê-los.
Meus filhos
Não são bons
Nem maus.
Não são bons
Nem maus.
Digamos que os meus filhos
Com a minha morte apenas tocarão
Um blues em homenagem à minha alma.
Com a minha morte apenas tocarão
Um blues em homenagem à minha alma.
E pronto.
Seguirão depois os meus filhos
As suas vidas de pontinhos brancos
Nas unhas de outras mães e outros pais.
As suas vidas de pontinhos brancos
Nas unhas de outras mães e outros pais.
Tive tantos filhos
Nesta minha vida
De louco e monge.
Nesta minha vida
De louco e monge.
Você nem imagina
Como dói amá-los.
Como dói amá-los.
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