A poesia tem seus inimigos naturais
como é natural um dia qualquer
amanhecermos sem a morte
por perto.
Sem o seu dente de leite
dentro do nosso bolso.
O que resta a uma boca
se apenas a lembrança
da primeira dor?
Decerto é uma boca murcha.
De poucas palavras.
Pensamos e sofremos pelo tempo
em que a morte era nossa amante.
Uma amante viva e cheia de manias
como acordar tarde de máscara
ou muito cedo segurando
o regador de plástico
e um riso feliz
de bom dia.