Dentro do bolso da farda
cabe uma esperançazinha.
E ela veio-me inesperada
apropriando-se dos versos
que guardo no final da tarde.
Meteu-se entre os rabiscos.
Fez das palavras acolchoados.
Tive, entretanto, de retirá-la
do seu deleite entre poemas.
Pois o bolso da minha farda não é confiável.
Tanto pode haver versos quanto veneno.
E eu morreria se aquela esperançazinha
que caiu sobre meu ombro experimentasse
em vez da seiva das árvores o ópio do poeta.