quarta-feira, 8 de julho de 2020

Café

Já fui crucificado, baby.
Não guardo mágoas
nem aquela coroa
de espinhos.

Dentro da minha caixa de sapatos
só cabem moedas antigas, uma
florzinha de pétalas murchas
e as tuas últimas cartas.

Fiz um mapa
até tua casa.

Quero te mostrar
o som de um trompete.

Pois olha, meu bem, 
aprendi a tocar 
o instrumento
do diabo.

Antes só vivia
de flauta doce
feita de bambu

debaixo de tua janela
e tu morrias de tédio.

Agora, meu bem,
as mulheres do diabo
requebram ao meu solo.

Mas tu, incrédula,
detestas o delta
do Mississippi.

E satirizas o meu coração
com tuas agulhas de acupuntura.

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