terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Lúdico

Não foi por crueldade
que acabei de matar
uma aranha sobre
minha cama.

Aranha de longas pernas
a sapatear na colcha nova

e decerto algum tipo
de veneno nas glândulas.

Espero que noutra dimensão
a aranha me conceda um instante
para o poeta explicar-lhe que a natureza
da criança ainda permanece sádica e infantil.

Analisando bem o ocorrido
desde a forma em que peguei
o chinelo e a minha língua de fora
não era o adulto em sã consciência.

Mas a criança,
a mesma que fazia
experimentos cirúrgicos
em lagartixas e passarinhos.

Espero que noutra dimensão
possa o poeta beber um café
em companhia dessa aranha

e explicar-lhe que a fantasia
nunca fugirá da minha cabeça.

4 comentários: