Cabeça
De
Grilo
O passado não tem sal,
Mas a vontade da poesia
É um sal poderoso.
Para
os poetas
Que
têm muita luz
E
pouco juízo.
Primeiro
Capítulo
(deserto)
31/01/2020
A
onda de energia superior
Não
me faz um ser bacana
Além
do bem e do mal.
A
minha mente pervertida
É
cada vez mais brilhante
E
o meu coração dissimulado
Prepara
magia do próprio sangue.
A
onda de energia superior me ensina
Abrir
os olhos e deixar que o fogo da verdade
Queime
os pensamentos inúteis
De
morbidez e de grandeza.
Deus
não nos ouve como pensamos
E
a nossa loucura é latente
Em
nossa língua.
Não
te basta o canto do pássaro
Ou
tens que vê-lo cantar?
30/01/2020
Sei
que existe o peso
Entre
a existência desprezível
E
a verdade gloriosa.
Mas
como há regiões misteriosas na mente
Regiões
recônditas há no coração.
E
aquele que se entrega
Jamais
será abandonado.
Os
dias não consumirão as noites
Nem
as noites absorverão os dias.
O
que imaginávamos da consciência
Apaga-se
Sob
um olhar
Que
não é o nosso.
30/01/2020
Quando
eu era menino
Escrevia
versos de menino.
Agora
que sou homem
Escrevo
versos de homem
E
não ouço vozes
De
menino.
Muito
embora
Um
e outro
Tenham
morrido
Da
mesma semente.
O
solo
Que
os fecundou
Não
é um céu distante.
30/01/2020
Todos
os dias
Tenho
por obrigação
Cavar
minha própria cova
(um buraco profundo,
profundo,
profundo)
E
enterrar a minha vaidade
Para
que os vermes da terra
Saboreiem
as minhas impurezas.
É
minha obrigação
Engordar
os vermes da terra
E
deixar minha alma um esqueleto.
Não
te assustes
Da
tua coragem -
A
tua luz é sombra
Dos
dias de sol.
30/01/2020
30/01/2020
Embora
ao poeta baste
Os
versos que escreve
Não
consegue
Calar-se.
E
diz aos poderosos da terra
Que
tal poder é patético
Visto
por outra
Esfera.
Embora
ao poeta baste
Os
versos que escreve
Não
consegue
Calar-se.
E
diz aos que amam
Os
próprios males
Que
se acalmem:
Um
dia conhecerão
O
rosto da morte.
Embora ao poeta baste
Os
versos que escreve
Não
consegue
Calar-se.
E
diz aos seus botões
Que
louco distante do deserto
Também
vive perdido.
30/01/2020
Não
há portas
Para
serem abertas
Nem
há portas
Para
serem fechadas.
Aproveite
as delícias do caminho
E
faça festas e bons banquetes.
O
seu destino
É
igual aos seus pensamentos:
Inacreditáveis,
Suspeitos,
Irreais.
Saiba
lidar
Com
o novo sangue
E
a nova carne.
O
único sentido da fé
É
ultrapassar dimensões.
29/01/2020
A
primeira luz que se vê
É
a consciência aberta
Aceitando
nossas fraquezas.
E
por nossas fraquezas
A
consciência aumenta.
Aquele
que mergulha ao abismo
Rejeita
qualquer tipo de embriaguez.
A
luz é nítida
Porque
é lúcida.
Não
existem vermes
Dormindo
dentro dos olhos.
29/01/2020
A
minha mente pervertida
E
o meu coração dissimulado
Vivem
cúmplices dos seus fracassos.
Mas
qual valor
De
uma mente pervertida
Se
atravessou-lhe ao corpo
O
fogo da verdade?
E
o que direi
Do
coração dissimulado
Se
hoje em dia
Ouvem-se
ecos
Da
sua eternidade?
29/01/2020
Se
você quiser chegar à outra margem
Terá
que molhar os pés
E
seria tão bom
Se
os seus pés estivessem cheios de ferimentos
Para
que os peixes limpassem sua dor.
Lá
no alto
Existe
uma ponte
Mas
se você quiser
Poderá
chegar à outra margem
Atravessando
o rio e seria tão bom
Se
os seus pés estivessem cheios de ferimentos
Para
que os peixes curassem sua alma
ouvindo um blues.
ouvindo um blues.
29/01/2020
Fosse
Deus
Ouvir
tuas orações
Morreria
de vergonha.
Mesmo
quando o coração é bom há tanta vaidade
E
se existe pureza nos teus pensamentos
Deus
até desconfia da tua face humana.
Fosse
Deus
Ouvir
tuas orações
Morreria
de tristeza.
Onde
se meteu a tua volúpia espiritual?
E
a louca alegria e a fúria por amor?
Mas
se fosse Deus
Ouvir
tuas orações
Morreria
de profundo
Tédio
e fugiria da tua malícia.
Mas
Deus ama teu cinismo e tua perdição.
29/01/2020
Durante
o banquete
Chega
a ser ridículo
Perguntar
de que rio
São
os peixes e de que pastos
São
as carnes e de que terras
São
os vinhos.
O
anfitrião se aborrece
E
detesta conversa tola
Na
hora do banquete.
Serás
um conviva indelicado
Se
não ouvires o anfitrião que te diz:
Cala-te
e come.
28/01/2020
Caso
teu espírito
Não
esteja atento
Teu
coração será iludido
Facilmente
pelas fantasias
Da
tua estranha cabeça.
Triste
do coração
Guiado
por nuvens de cavalos
Até
o desfiladeiro
Da
morte.
Não
sobrará um osso
Para
contar história
E
nenhum fio de cabelo
Dará
testemunho
Do
que poderia
Ter
sido e tocado
E
não passou
De
fantasia.
27/01/2020
Por
mais tresloucado
Que
seja teu pensamento
E
impuro o desejo
De
teu coração -
O
fogo da verdade
Faz
cinzas.
E
quem encontrou as próprias cinzas
Permanece como no princípio -
Atônito.
O
grande êxtase
É
o poder da mudança.
27/01/2020
A
poesia impede
Que
os passarinhos
De
fim de tarde
Enlouqueçam
meus ouvidos.
Em
vez disso
É
o poeta quem canta
Para
os passarinhos
De
fim de tarde.
Da
ponta do telhado
Fogem
da minha cabeça.
Sou úmido
de fogo.
Sou úmido
de fogo.
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