domingo, 23 de novembro de 2014

Alado

Nunca tive pássaros em gaiolas.
Os passarinhos que vieram a mim
(E ainda hoje chegam à minha janela)
Vêm todos por livre e espontâneo encanto.

Nunca esquecerei do dia
Em que um pousou sobre
A poncheira de vidro.

Por eternos minutos, olhou-me a alma
Enquanto (trêmulo) eu segurava um livro.

Depois, delicado e voraz em sua fuga,
Sumiu resvalando-se as asas pelas
Paredes do corredor.

Não corri atrás.
Nem blasfemei
Por sua fuga.

A sua beleza não havia sido o pouso na poncheira de vidro.
Tampouco o tempinho que me olhou a alma. Mas o seu voo.

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