Nunca tive pássaros em gaiolas.
Os passarinhos que vieram a mim
(E ainda hoje chegam à minha janela)
Vêm todos por livre e espontâneo encanto.
Nunca esquecerei do dia
Em que um pousou sobre
A poncheira de vidro.
Por eternos minutos, olhou-me a alma
Enquanto (trêmulo) eu segurava um livro.
Depois, delicado e voraz em sua fuga,
Sumiu resvalando-se as asas pelas
Paredes do corredor.
Não corri atrás.
Nem blasfemei
Por sua fuga.
A sua beleza não havia sido o pouso na poncheira de vidro.
Tampouco o tempinho que me olhou a alma. Mas o seu voo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário