A galinha antes que lhe torçam o pescoço
e sangrem passa um filminho
na cabeça dela -
do tempo em que ela punha
seus ovinhos sentindo
aquela dorzinha
prazerosa
bem aquecida,
e lá fora aquela chuvinha.
Depois ia ela ciscar a terra molhada
e degustar apetitosas minhocas
e outros besourinhos.
Também lhe vem à cabeça
aquele chato do seu marido
um galo todo metido que
sempre ao amanhecer
acordava-a com aquele
canto estridente.
Somente por tal lembrança
a galinha não se importa
que lhe torçam o pescoço
e sangrem.
Diz ela pra si mesma:
"morro mas estou livre daquele galo inútil
gritando aos meus ouvidos
durante meus melhores
sonhos."
E é morta a galinha
e tu comes feliz
o ensopado.
Um assassinato cruel.
ResponderExcluirVocê nunca pensou no olhar da galinha morrendo?