quinta-feira, 4 de abril de 2013

na hora da morte de uma galinha

A galinha antes que lhe torçam o pescoço
e sangrem passa um filminho
na cabeça dela -

do tempo em que ela punha
seus ovinhos sentindo
aquela dorzinha
prazerosa

bem aquecida,
e lá fora aquela chuvinha.

Depois ia ela ciscar a terra molhada
e degustar apetitosas minhocas
e outros besourinhos.

Também lhe vem à cabeça
aquele chato do seu marido
um galo todo metido que
sempre ao amanhecer
acordava-a com aquele
canto estridente.

Somente por tal lembrança
a galinha não se importa
que lhe torçam o pescoço
e sangrem.

Diz ela pra si mesma:
"morro mas estou livre daquele galo inútil
gritando aos meus ouvidos
durante meus melhores
sonhos."

E é morta a galinha
e tu comes feliz
o ensopado.

Um comentário:

  1. Um assassinato cruel.
    Você nunca pensou no olhar da galinha morrendo?

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