terça-feira, 6 de março de 2012

fim da comédia

digo adeus aos versos
o que serei agora
se não sou
poeta?

plantarei batatas
e verei o entardecer

doutro lado
da montanha

deixo as palavras em paz
sem a minha boca
e meu sopro

deixo a minha dor silenciosa
a cabeça que não está boa
o coração que já partiu

[o que sobra
a um louco?]

deixo meus livros filhos das traças
deixo minhas botas encostadas à parede

não vejo graça
nem beatitude
dentro da alma
que já é morte
...

4 comentários:

  1. Nem imagino o que nascerá junto a essas batatinhas... Poeta se entrega à morte, mas sempre haverá poesia para nascer, ou para enterrá-lo.

    Beijo, querido.

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  2. Hum...acho que a boca pacifica as palavras, sem ela...:-)
    Beijo grande, poeta!

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  3. No que quer que faças haverá sempre poesia, amigo! Quando se tem alma de poeta não há volta a dar. Ela nem na morte nos deixará.
    Beijo

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  4. há que se dar descanso as flores
    e enfeitar o dia com raiz...

    beijinho de fã, poeta Domingos!

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