quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

distância

O que tu esperas de um cara
que sequer sabe assobiar?

As andorinhas e os bem-te-vis
que chegam à minha varanda
não vêm pelo meu assobio

são os meus olhos, baby
silenciosos e de outro mundo.

O que tu esperas de um sujeito
que pouco pouquíssimo mesmo

se importa com quem sofre
ou se alegra repentinamente?

A minha vida é tão simplória, baby
e justo pela tolice
do que vejo

coisa alguma me mata
quando quero amar

ou por nada
me apaixono

se quero
morrer.

O que tu esperas de uma criatura
de bermudão agora

pernas estiradas
os pés sobre

os livros
da estante?

Os meus travesseiros
dizem outras coisas
aos meus ouvidos.

Coisas como
levantar-se

e não escrever versos
pelo amor de deus

versos não,
versos nunca.

6 comentários:

  1. Domingos, ouço música nos teus versos...Bem poderiam tornar-se uma canção!
    Beijos,

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  2. Maravilha, meu caro!

    -O que esperar de um cara
    que diz não querer versos escrever
    e o faz tão simplesmente, tão naturalmente como
    um assobio?

    -Que é poeta, claro! E dos bons...

    Ótimo 2012, poeta!

    Um grande abraço.

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  3. blues de fim de tarde, adorei...
    beijinho
    LauraAlberto

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  4. uma delícia me surpreender com sua poesia... e é rotina... da mais apreciada!!!

    Beijos, poeta!!

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    1. beijo carinhoso, Karine... que bela presença a tua...

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