Os mortos quando partem
não se refugiam no céu
nem no inferno -
prostram-se ao nosso lado,
nos nossos calcanhares,
nas nossas mãos,
na nossa nuca
e ai dos fracos que não suportam
o peso desagradável do morto
que não consegue fugir
desse vazio ridículo.
De tanto nos pesar nos ombros
e de tanto nos arrastar pelos calcanhares
e de tanto dizer palavras por nossas bocas
há momentos em que a nossa salvação é simples
como é natural um gatilho leve e uma forca perfeita.
Mas, faça-me o favor,
ser igual a um deles depois de morto
sorvendo a vida dos tolos que vivem feito fantasmas,
não,
isso não.
Domingos, isso é tão real, tão verdadeiro, é preciso andar e sacudir o corpo sempre, para que saiam os mortos e a vida pulse: amei o poema, camarada!
ResponderExcluirBeijos,
isso não,poeta dos dias!
ResponderExcluirimpressionante!
Beijinho de fã!
Deixai os mortos enterrarem seus mortos.
ResponderExcluirAbraços!