sábado, 24 de julho de 2021

Flautista

 Flautista


O ateu é o eleito
pois a sua negação
é o esplendor divino
em sua delirante natureza.

Talvez não tenha consciência
da sua liberdade humana
pela fé oculta

ou quem sabe
atingira a grandeza
do silêncio revelador.

O ateu é o escolhido entre
pedras e a sarça ardente
para guardar o tesouro
do chefão maior.

A poesia transcende
embora as mãos
de carne,

embora pés
de ossos.

Talvez não entenda
que a fuga é o privilégio
dos já libertos pela lucidez.

E quanto mais escreva
e mais caminhe arda
o coração de amor.

E conheça por sua voz
a música das coisas
e dos seres.

Das coisas que se transformam.
Dos seres que permeiam margens.

Uma xícara branca de café,
uma alma de asas brilhantes.

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