Flautista
O ateu é o eleito
pois a sua negação
é o esplendor divino
em sua delirante natureza.
Talvez não tenha consciência
da sua liberdade humana
pela fé oculta
ou quem sabe
atingira a grandeza
do silêncio revelador.
O ateu é o escolhido entre
pedras e a sarça ardente
para guardar o tesouro
do chefão maior.
A poesia transcende
embora as mãos
de carne,
embora pés
de ossos.
Talvez não entenda
que a fuga é o privilégio
dos já libertos pela lucidez.
E quanto mais escreva
e mais caminhe arda
o coração de amor.
E conheça por sua voz
a música das coisas
e dos seres.
Das coisas que se transformam.
Dos seres que permeiam margens.
Uma xícara branca de café,
uma alma de asas brilhantes.
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