sexta-feira, 6 de novembro de 2015

2,5 em química

Incrível como o Universo mudou. No meu tempo, não havia tantas estrelas. Cada poeta vivia em uma. Abraçado até o fim da vida a essa estrela de nascença. Hoje, pelo que vejo, são tantas estrelas e poetas que me emociono. Tanta gozação e luxo. Ninguém corta pulsos. Ou mete o rosto em um saco plástico e abre a torneirinha do botijão de gás. Hoje em dia, escolhe-se quantas estrelas desejar. Mentir é um bom caminho. Ninguém é mais aleijado. Passos endireitados e altivos. Sorrisos de felicidade. Na base do meu cérebro, meu amor, não existe estrela. Só um caroço. E explodirá de cansaço. O ermitão cansado é uma piada. Um fim trágico. O céu não me diz o que fazer [tantas estrelas assim, meu amor, a quem confiar minha melancolia?] Não sairei para beber nem beberei em casa debaixo da mesa. Por favor, nem me lembre de que em certas noites cuidei de rosas. Troquei a água do jarro de vidro. Joguei ao lixo as hastes secas e mais espinhosas. Se hoje é sábado? Dizem os poetas que é a melhor noite para enlouquecer. As bruxas vestem cinta-liga.

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