domingo, 25 de outubro de 2015

Orgias de um noviço

Não é lenda, baby. De fato, a leitura pode enlouquecer. Imagine uma dúbia alma entre a filosofia oriental e o mundo bukovskiano. Lembro que acordei em um sofá estranho abraçado aos meus livros, de botas e um cigarro apagado na boca e outro aceso nos dedos. Sob a luz natural do candeeiro - que é a lua cheia - cheguei à cidade e os bares todos abertos. Recomecei a misturar bebidas com xarope e só então as vagas imagens das noites anteriores iam se refletindo nos rostos dos boêmios, putas, traficantes. E não largava os meus livros. Deveria ter sido padre ou matador sniper, mas naquela noite ainda era um fraco errante de mente furada e coração viciante. Não desprezo o meu tempo insano. Não cuspo contra o vento. Entretanto, hoje em dia, longe desses lugares posso adivinhar com clareza a minha morte. O meu espírito junta no alforje as minhas últimas memórias e não me arrependo do vazio. A pureza não cai do céu, meu amor. O sórdido caminha com desenvoltura, após lembrar-se dos abismos. Nem sequer uma cicatriz em carne viva. Parece-me que passei incólume pelo inferno. Só que não. Morderam-me a ponta da língua. Lembra que lhe falei do seu fantasma a me visitar, baby?

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