domingo, 7 de dezembro de 2014

O tempo dos assombros

Tive na mocidade uma máquina de escrever
E uma escrivaninha de madeira nobre e rude.

Não me lembro do sumiço
Da máquina de escrever.

Mas, como se hoje, vejo a escrivaninha
Sendo desparafusada e encaixotada
Debaixo da cama.

Há tardes em que me faltam a volúpia
Das ranhuras dos meus pulsos sobre
A escrivaninha e os calos das pontas
Dos meus dedos que eu conseguia
A cada palavra imposta das teclas
Da máquina de escrever.

Mato a saudade
Da textura da morte
Segurando firme o lápis.

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