terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Artífice dos Querubins

Aguardo o poema
Enquanto a poesia
Beija os meus pés:

É um jovem senhor
Esse vento que entra
Pela janela da varanda.

Traz na mão uma pinga.
E um relógio de bolso
Preso à cintura.

Parece meu pai
Após esculpir
Seus anjos.

Meu pai tapava-me os olhos
Com os seus dedos trêmulos.

Só depois de traçar
A musculatura das asas
Dos seus anjos de cemitério
Dizia-me que ainda faltava o olhar.

Meu pai nunca esqueceu
O olhar melancólico
Dos seus anjos
De jazigo.

Sabia como ninguém
Cinzelar a tristeza dos céus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário