quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A virtude dos vermes

As baratas ao sair dos seus buracos
Não deveriam temer a luz dos meus olhos.
Desde criança que elas conhecem meu santo.

Não as odeio, apenas são asquerosas.
As minhas formigas, por exemplo,
São bem mais impuras
E cínicas:

Fingem comer só açúcar (puritanas)
Mas sabe-se lá onde se metem
Quando durmo.

As baratas não mentem. Não precisam.
Afinal, não têm elo comigo. o negócio delas
É ocultar-se em porões, buracos de encanamentos
E caixas de sapatos. E apreciar a decadência humana
De camarote comendo sobras e lambendo louças de ontem.

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