quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Desmembranas

Esqueça o amor,
O amor da posse
Está falido, poeta.

Escreva sobre
O afeto das coisas.

Da mesa redonda de vidro.
Da cafeteira. Das duas ânforas
De cerâmica. Da sua xícara branca.
Do tapete da sala e do outro tapete
De pele de bode na varanda. Dos jarros.
Dos jarros vazios que você (canalha) nunca
Plantou sequer um suspiro. Dos outros jarros
Em que você admira crescendo as suas plantinhas.

Desde que o conheço,
Poeta, você teve tendência
Pra possuir pessoas: então,
Acredite, o amor de posse humana
Faliu e agora só escreva sobre o afeto.

O afeto das coisas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário