quinta-feira, 26 de setembro de 2013

sentado à cabeceira da mesa

Você precisou de três dias
para descobrir que eu tinha
morrido: três dias, três dias.

Não sei se em três dias
o tempo de putrefação
do corpo de um poeta,

mas você precisou de três dias
para sentir a falta do meu perfume
pelos corredores e salões do castelo.

Você precisou de três dias
para se dar conta da inutilidade
dos poemas que eu escrevia no sótão.

Três dias é muito tempo.
Creio que em três dias
a alma do poeta
encontra

uma árvore
ou uma formiga
para descansar.

E você precisou justamente
de três dias para descobrir
que eu tinha morrido
e que a minha alma
estava solta
por aí.

Em três dias ocorrem tantos fenômenos
dentro do meu coração - orquídeas
que nascem e jardineiros
que morrem.

E você precisou desses malditos três dias
para entender que a sua vida é mais importante
que qualquer imaginação de infelicidade e doença.


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