Eis largados sobre a escrivaninha -
prato, garfo, colherinha, xícara,
taça de sorvete.
Cada um deles tem uma história particular
com a minha língua, lábios, boca.
A taça de sorvete além da última lambida
recebe de bom grado o meu dedo
ávido pela calda de chocolate.
Enquanto o prato
sempre acaba solitário
com algum vestígio de arroz
ou de feijão ou das espinhas de peixe.
A xícara permanece com aquela lágrima
preta do café borrando sua face branca de leite.
O garfo é garboso,
a colherinha humilde.
Às vezes tenho plena consciência
de que o meu amor pelos objetos domésticos
é superior ao que sinto pelas mulheres dos meus sonhos.
E ei-los largados sobre a escrivaninha
cada um esperando logo mais
a esponja e o detergente -
cruéis vassalos
do rei.
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