Há tempos, meu bem,
que só bebo café,
café, café, café.
O meu coração já tem a manha
de bater firme e abusado
enquanto a cafeteira,
tímida, prepara
o cafezinho.
Sempre ao acordar, se dormi algum dia,
e ao entardecer das andorinhas
o meu café é sagrado.
Hoje, no entanto,
meu bem, uma alma caridosa
levou-me à cabeceira uma xícara
com essa incrível mistura de leite
e café - quase morri de verdade
por tanta emoção ao levar à boca
o aroma distante da minha infância.
E eu bebi café com leite
batendo os pés e erguendo
as mãos em sinal de arrebatamento.
A boa alma não me viu em profundo transe.
Fugiu assim que me espiou na cama
fingindo dormir de leve
ereção.
Desconcertante, como de costume. Lembrando que o coração deve saber que o poema pode explodi-lo...
ResponderExcluirBeijo, Bruxão!